Mundo
Guerra na Ucrânia
"Está forte". Moscovo elogia documento da Administração Trump que aponta apagamento da Europa
A Europa está a caminho do “apagamento civilizacional” e a Rússia não entra no rol dos inimigos. Estas duas ideias constam de um documento revelado na última semana pelos Estados Unidos.
São ideias que o Kremlin afirmou, este domingo, partilhar com a Casa Branca, cimentando uma sociedade que durante a Administração de Joe Biden poucos diriam provável, mas que muitos adivinhavam desde a eleição de Donald Trump.
As 33 páginas do texto atualizado da Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos divulgadas no final da semana geraram fortes críticas dos parceiros europeus face ao diagnóstico negativo que a Administração americana faz do Velho Continente.Pelo contrário, as primeiras reações a Leste deixadas por Dmitry Peskov assinalam um caminho que está a ser feito de forma positiva, no sentido das ideias russas.
Se o documento é duro em relação aos parceiros europeus, em relação à Rússia de Vladimir Putin – a Rússia que invadiu a Ucrânia e que a anterior Administração Biden via como inimigo a abater – Donald Trump deixa-a fora do pacote dos países inimigos.
Como se as palavras do documento fossem o rastro amigável deixado pelos momentos que partilhou com Putin numa base americana do Alasca em meados de agosto passado, quando lhe estendeu uma passadeira vermelha à saída do avião, gesto que foi sublinhado pela comunidade internacional com surpresa, num momento em que se procurava uma solução para a guerra da Ucrânia que não deixava Kiev desamparada face a Moscovo.
Os norte-americanos acusam ainda a União Europeia de bloquear os esforços dos Estados Unidos para acabar com o conflito na Ucrânia, sublinhando que Washington deve “restabelecer uma estratégia para a Rússia”, o que, por seu lado, “estabilizaria as economias europeias”.O antigo primeiro-ministro sueco Carl Bildt escreveu que o documento “se coloca à direita da extrema-direita”.
O documento não esconde o primado afirmado por Donald Trump desde a sua primeira eleição para a Casa Branca: “A América primeiro”. E o presidente polaco, Donald Tusk, já veio dizer numa publicação nas redes sociais que dirige aos seus “amigos americanos” que “a Europa é o vosso aliado mais próximo, não o vosso problema”.
Donald Tusk destacou aqui os “inimigos comuns”. “Esta é a única estratégia razoável para a nossa segurança comum”, propugnou, deixando uma ressalva: “a não ser que algo tenha mudado”.
A governação norte-americana voltou neste texto a olhar para a Europa. Parece ter acontecido aqui um segundo episódio da saga iniciada pelo vice-presidente J.D. Vance, quando numa viagem em fevereiro deste ano a Munique deixou críticas que soaram a raspanete pelas políticas demasiado permissivas dos europeus em relação à imigração e demasiado restritivas quanto aos discursos de ódio, deixando a ideia de uma censura às manifestações mais desabridas de certas correntes de extrema-direita.Democratas no Congresso já alertaram que o documento poderá colocar em causa as relações externas dos Estados Unidos. O democrata Jason Crow fala em estratégia “catastrófica para a posição da América no mundo”. Gregory Meeks diz que o texto “descarta décadas de liderança norte-americana baseada em valores”.
O documento, assinado pelo punho do próprio presidente, retomou os temas trazidos por Vance para o coração da Europa há dez meses e alerta para algumas questões que se colocam às lideranças europeias. Acena, por exemplo, com políticas migratórias da União Europeia que estarão a “transformar o continente” ou a ascensão dos “partidos patrióticos europeus”.
A Administração Trump avisa para o cenário de um continente "irreconhecível em 20 anos ou menos”, caso não consiga essas questões, mas não só, também os problemas económicos. Mas não se fica por aqui e aponta ainda questões relacionadas com “taxas de natalidade em queda livre e perda de identidades nacionais e de autoconfiança”, estas muito ligadas aos fluxos migratórios que, em termos internos, sabemos que Trump procura tratar com mão de ferro.
Se o documento é duro em relação aos parceiros europeus, em relação à Rússia de Vladimir Putin – a Rússia que invadiu a Ucrânia e que a anterior Administração Biden via como inimigo a abater – Donald Trump deixa-a fora do pacote dos países inimigos.
Como se as palavras do documento fossem o rastro amigável deixado pelos momentos que partilhou com Putin numa base americana do Alasca em meados de agosto passado, quando lhe estendeu uma passadeira vermelha à saída do avião, gesto que foi sublinhado pela comunidade internacional com surpresa, num momento em que se procurava uma solução para a guerra da Ucrânia que não deixava Kiev desamparada face a Moscovo.
Para baralhar e simultaneamente esclarecer a situação, Trump refere no texto que a falta de confiança europeia é visível sobretudo “na relação (…) com a Rússia”.Muito devido à guerra na Ucrânia, as relações dos europeus estão “profundamente deterioradas” e muitos europeus veem na Rússia “uma ameaça existencial”.
Os norte-americanos acusam ainda a União Europeia de bloquear os esforços dos Estados Unidos para acabar com o conflito na Ucrânia, sublinhando que Washington deve “restabelecer uma estratégia para a Rússia”, o que, por seu lado, “estabilizaria as economias europeias”.O antigo primeiro-ministro sueco Carl Bildt escreveu que o documento “se coloca à direita da extrema-direita”.
O documento não esconde o primado afirmado por Donald Trump desde a sua primeira eleição para a Casa Branca: “A América primeiro”. E o presidente polaco, Donald Tusk, já veio dizer numa publicação nas redes sociais que dirige aos seus “amigos americanos” que “a Europa é o vosso aliado mais próximo, não o vosso problema”.
Donald Tusk destacou aqui os “inimigos comuns”. “Esta é a única estratégia razoável para a nossa segurança comum”, propugnou, deixando uma ressalva: “a não ser que algo tenha mudado”.
A governação norte-americana voltou neste texto a olhar para a Europa. Parece ter acontecido aqui um segundo episódio da saga iniciada pelo vice-presidente J.D. Vance, quando numa viagem em fevereiro deste ano a Munique deixou críticas que soaram a raspanete pelas políticas demasiado permissivas dos europeus em relação à imigração e demasiado restritivas quanto aos discursos de ódio, deixando a ideia de uma censura às manifestações mais desabridas de certas correntes de extrema-direita.Democratas no Congresso já alertaram que o documento poderá colocar em causa as relações externas dos Estados Unidos. O democrata Jason Crow fala em estratégia “catastrófica para a posição da América no mundo”. Gregory Meeks diz que o texto “descarta décadas de liderança norte-americana baseada em valores”.
O documento, assinado pelo punho do próprio presidente, retomou os temas trazidos por Vance para o coração da Europa há dez meses e alerta para algumas questões que se colocam às lideranças europeias. Acena, por exemplo, com políticas migratórias da União Europeia que estarão a “transformar o continente” ou a ascensão dos “partidos patrióticos europeus”.
A Administração Trump avisa para o cenário de um continente "irreconhecível em 20 anos ou menos”, caso não consiga essas questões, mas não só, também os problemas económicos. Mas não se fica por aqui e aponta ainda questões relacionadas com “taxas de natalidade em queda livre e perda de identidades nacionais e de autoconfiança”, estas muito ligadas aos fluxos migratórios que, em termos internos, sabemos que Trump procura tratar com mão de ferro.